O Sequestro da Princesa Élfica – Sessão 02

Sábado narrei a parte 02/02 da aventura que usei para apresentar o Old Dragon a meus jogadores e rolar uma trama paralela no meu Tormenta. Parte 01 aqui.

Na aventura, a princesa Tenasya da cidade élfica de Alestil (que fica na Floresta Sombria, no reino de cavaleiros de Bielefeld) é sequestrada. Quatro elfos e um humano se juntam em nome do Rei para salvá-la: Annelyn (Elisa, elfa ranger 5), Aedan (Diego, elfo mago 7), Jorah (Rafael, humano clérigo 5), Telorien (Megaron, elfo guerreiro 6) e Tianna (NPC elfa guerreira/arqueira 5).

Após enfrentar aranhas gigantes e saírem da Floresta Sombria em uma noite enluarada, os heróis chegaram à aldeia de Storamere, reclusa demais para ser tocada pelo empobrecimento da guerra que se passa no reino. Mesmo assim, o grupo ficou receoso em entrar, temendo uma emboscada dos Zangões de Ferro (os mercenários que raptaram a princesa).

Uma carroça foi avistada ao longe, e Jorah foi escolhido para fazer um social (afinal, é humano). Ele abordou o estalajadeiro anão Harbek, voltando de uma viagem de negócios, sem saber muito de mercenários por ali. Ao ver os elfos se banhando sem pudores no rio, mesmo com a frieza (elfos hippies), o anão ofereceu abrigo a todos, e eles aceitaram.

E o bom anão garantiu cabra, cerveja, queijo e frutas cozidas. Jogadores paranoicos, Aedan lançou uma invisibilidade e foi verificar a vila. Sem sinal dos Zangões, o mago (o jogador) lembrou do amuleto dado por seu tio e constatou que eles estão mais ao sul. Na volta, notou que havia homens de olho neles e sugeriu que todos se recolhessem.

No meio da noite, Tianna acordou Aedan. Lyn espreitou à porta e Telorien se manteve deitado, com a espada preparada. Os PJs interpretaram a arrogância élfica e deixaram Jorah dormindo para descansar melhor – por isto, recompensei com pontos de trama (aqui também!). Subitamente, jorraram homens pela porta e janela, atacando!

Tianna, controlada por Rafael (Jorah dormindo), atirou em um, Aedan preparou sua varinha e Lyn amarrou um lençol na cabeça de outro, que escorregou em uma garrafa de vinho deixada por Telorien e caiu. O líder acertou Aedan com uma maça, mas achei legal ele fazer uma JP para não perder o feitiço e assim ele o fuzilou com o relâmpago, ricocheteando em outro inimigo e em Telorien (nele o dano já foi pouquinho).

Telorien então mutilou o joelho do líder com um crítico de espada (uso a tabelinha do mal) e Aedan o matou com mísseis mágicos. Jorah acordou e logo acertou outro com a maça, finalizado por Lyn. Merecem elogios os esquemas dos jogadores, sempre indo além das regras leves do sistema.

Os dois sobreviventes se renderam (teste de Moral). Interrogados, disseram ser foras-da-lei contratados, disfarçados com tabardos de Sir Edmur (dono das terras). Seriam pagos pelos Zangões na estalagem Refúgio do Corvo, ao sul. Chamado, Harbek trouxe o xerife da aldeia, que pediu a Jorah (clérigo de Khalmyr da justiça, deus-patrono do reino) para julgar os homens. Ele os condenou então a servir Sir Edmur por um ano sem soldo.

No dia seguinte, os heróis partiram para o sul, se conhecendo melhor na viagem (roleplay de desenvolvimento de personagens, muito bom). Para dar aquela ambientada, narrei eles passando por batalhas entre as forças em guerra em Bielefeld e campos de cadáveres, com Jorah rezando pelas almas dos mortos.

Dias depois chegaram à fortificada estalagem Refúgio do Corvo, onde os oficiais (e o amuleto) confirmaram que os Zangões estavam ali. O lugar tem uma história legal, que contei para os jogadores: seu nome é esse porque há meio século, o lugar abrigou Sir Randal, avô do famoso Orion Drake dos romances de Tormenta, em uma batalha (o símbolo deles é um corvo).

Invisível com a magia de Aedan, Lyn se esgueirou até o salão e viu soldados de vários feudos e, em uma mesa de canto, seu alvo. Um guerreiro com uma rapariga no colo, um anão, um halfling, um clérigo de Keen (deus da guerra), uma bela meio-elfa, um elfo com jeitão de malandro e uma elfa de cabelos dourados – a princesa Tenasya.

Aqui aconteceu uma cena nada a ver com a história, mas importante pela ligação dos jogadores com o cenário: os PJs observaram a chegada de refugiados de uma vila destruída por um PJ da campanha principal, filho e agora aliado do general que estava conquistando o reino. Lyn chegou e reportou, e foi mandada de volta observar o salão enquanto o clérigo, o halfling e o anão saíam para mijar no pátio.

Como eu esperava, o grupo atacou os três desgarrados, após um silêncio de Jorah. Tianna (controlada por Elisa) matou o clérigo com um headshot (crítico + 6 no d6) e um relâmpago de Aedan deu cabo do halfling. Telorien e Jorah trocavam golpes com o anão quando os outros Zangões apareceram, com doze soldados a tiracolo. Aqui rolou um diálogo tenso, com Jorah pedindo a princesa e Tenasya tomando a frente e chocando todos ao dizer que “fugiu do cativeiro com Jamiel” (o elfo malandro). Ela lhes dá seu amuleto como “pagamento” e eles vão embora!

Enquanto isso, Lyn se metia na sua própria encrenca. Três brutamontes agarraram a bela elfa; ela eviscerou um com o punhal, mas outro a nocauteou com um soco (eu tirava 20 a borbotões). Acordou numa cama, os homens combinando vendê-la a um nobre. Um deles tirava sua calça com más intenções quando Telorien arrombou a porta e seu lobo Graveto voava na garganta do homem enquanto ele mesmo matava o outro. Bem na hora…

Minutos depois, jantando por conta do ouro dos mortos, o grupo conversava sobre o fracasso da missão, Jorah notando como Lyn se parecia com a princesa Tenasya. Ouvindo a conversa, a meretriz que estava com o líder dos Zangões confundiu Lyn com a princesa, a felicitando por ter sido salva, já que Lance (o líder) a contara que o bando ia vendê-la ao Barão de Crevenard para ser sacrificada em algum ritual maluco. Reviravolta!

Com ânimo renovado, os heróis decidiram salvar a iludida princesa desse destino cruel e recrutaram alguns ajudantes para a tarefa (usando o sistema ao máximo, gostei demais). Dias depois, perto do baronato, um mercador assaltado pelos Zangões apontou a direção e Jorah lembrou do Templo Oculto, ruína nas colinas pedregosas. Lá, avistaram de longe as paredes e pilares antigos no topo de uma colina.

Mais uma vez invisível (jogadores escolados é phoda), Lyn espreitou a princesa amarrada a uma pedra circular e um nobre em vestes rituais – imaginamos Dooku, de Star Wars, aqui – preparando um punhal e velas, e os Zangões festejando na base da colina. O grupo traça um plano e o executa: quando o Barão começa o cântico para o demônio Lâmia, homens-lagarto invocados por Aedan atacaram os soldados enquanto o elfo lançava uma bola de fogo nos Zangões, matando a meio-elfa e o anão.

Uma chuva começava a cair; apesar de ser pedido de Rafael para Jorah convocar relâmpagos, a dramatização ficou ótima. Telorien chocou espadas com Lance e Jamiel saltou de sabre em riste e machucou Aedan. Quando o Barão ergueu o punhal para terminar a magia, os players fizeram Tianna dar-lhe um headshot (outro 20, seguido de 6; dia de absurdos!) e ele caiu morto. Lyn desamarrou e escondeu a princesa atrás de uma coluna.

Como o clímax estava acabando mas a empolgação continuava, improvisei o Barão se transformando em uma criatura musculosa enorme. Cauda de cobra e chifres, uma Lâmia semi-manifestada com olhos fendados e espadas nas mãos, sibilando gritos de gelar a espinha. Todo mundo fez JP de Sabedoria; Jamiel e os homens fugiram, Lyn, Aedan e Lance ficaram paralisados e o último sofreu o primeiro golpe do monstro. Jorah então lançou mais um silêncio e mandou um martelo espiritual no bichão. Tianna atirava à vontade.

Megaron então resolveu zerar o jogo: Telorien virou um pilar no encontrão (prendendo a cauda do demonho), correu por ele, usou o cabelo da criatura para se balançar e com pontos de trama enfiou a espada em suas costas, com um crítico espetacular! Depois desta ação absurda, o monstro caiu morto urrando (e eu quase narrei explodindo, hehe). Aedan disse que a possessão estaria completa apenas com o sangue de Tenasya. Felizes com a vitória, os heróis deixaram Lance ir embora atrás do traidor Jamiel, o elfo malandro.

Narrei por fim um epílogo. Dias depois, Tenasya foi entregue ao pai no terraço do palácio élfico. Rei Sorion agradeceu, presenteou com itens de mitral o grupo e tudo estava lindo. De repente, uma misteriosa elfa gritou o nome do Rei de uma varanda e lhe acertou uma flecha do juramento (aquela flecha mágica que você diz o nome do alvo e ele faz JP para não morrer), e Sorion caiu morto! Eles tentaram seguir a figura, mas a elfa era rápida demais e escapou.

Danariel, tio de Aedan, revelou a Lyn que ela era irmã gêmea de Tenasya (bem novela), mas ela não aceitou o fato. Restava ao grupo caçar a assassina… Essa última cena também foi feita mais para os jogadores. A elfa é uma NPC de outra campanha, que achou a flecha mágica num tesouro, deixando o grupo logo depois. Agora eles sabem o que ela foi fazer!

Há tempos não terminava uma sessão me sentindo tão bem. Todo mundo adorou o OD, me surpreendeu desde o roleplay até as ações malucas e fantásticas, sem discussões de regras e combates desafiadores. Quase não preparei nada, usando o mote da aventura O Resgate da Princesa Élfica da Vila do RPG mas fazendo minha própria versão (ou seja, sem spoilers pra quem vai jogar a deles) e improvisando sem stress. Até a próxima história paralela!

5 comentários em “O Sequestro da Princesa Élfica – Sessão 02

  1. Muito legal a aventura. E essa princesa ai hein?! Tá me cheirando a regicida.
    Já estava na ansiedade jogar a tão esperada aventura que esse sr. que escreveu o post vem protelando a meses, agora então… :P

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  2. Muito legal o reporte Dan!

    Em relação às regras, podia compartilhar as tuas house rules?

    O que funcionou e o que não funcionou pra vc no jogo?

    Que venham mais reportes iguais a este.

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  3. @Talles – pois é né, ficou todo mundo com uma pulgona atrás da orelha! E deixe de reclamar, quando menos esperar a gente joga =P

    @Jagunço – é uma pena Mário. Por aqui a gente vai testar Dragon Age RPG, depois vai brincar com meus experimentos de fantasia de Storytelling, seguido do +2d6 do tio Nitro, talvez Mouse Guard e aí finalmente definirei os sistemas definitivos de fantasia que usarei. =P

    @Thiago – valeu! Eu não usei house rules nessa aventura, mas as principais impressões que tivemos foi relacionada a danos. Mudamos Convocar Relâmpagos (de 2d8+1d8/nvl a cada 2 rodadas, 3d8(+1/nvl) a cada rodada. Achamos Dardos Místicos e Relâmpagos apelonas, mas não mexemos. E eu estou achando o dano por rodada de alguns personagens muito baixo (embora não queira os danos absurdos da 3E).

    Sei que sou um dos idealizadores do sistema, mas até as coisas que eu criei fico mudando e revisando o tempo todo. =P

    Ah, e pode deixar que muitos reportes virão aqui no Birosca! =D

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