Game of Thrones Season 02: diferenças entre a série e o livro

Esse post é meio requentado daquele outro onde eu falava do episódio 09 da segunda temporada, mas achei por bem separar as coisas e dar uma aprimorada neste, já que agora a temporada terminou e posso falar mais sobre os últimos acontecimentos.
Sabemos que em adaptações de livros para cinema e TV, sempre há mudanças. E, no caso de A Song of Ice and Fire, que é uma série de livros muuuito extensa, com milhares de personagens e tramas paralelas, mesmo sendo em um seriado é muita história para apenas 10 horas de exibição. 
Além disso, as pessoas simplesmente não conseguiriam captar tanta gente e eventos de uma vez, porque a série é semanal e a dinâmica é diferente (acompanhar um livro é bem diferente).
Eu não faço segredo que achei Fúria dos Reis o livro mais moroso da série. Ele é um grande preâmbulo para os acontecimentos eletrizantes do terceiro, o Tormenta de Espadas, de modo que só no final as coisas realmente se agitam (com a batalha de Blackwater e a viagem de Dany por dentro da Casa dos Imortais). 

Nesse ponto, dou muito valor à série por ter dado uma chacoalhada na temporada, o que era absolutamente necessário para manter o interesse do público de TV, já que é outra mídia e as pessoas costumam se interessar bem menos por histórias mais paradas. 

Além disso, mesmo um seriado com milhões de dólares de produção da HBO ainda tem limitações de orçamento (filme de fantasia é caríssimo!), e ainda que eles tenham conseguido 200 milhões para filmar a batalha de Blackwater no episódio 09, ainda precisaram economizar muita grana fazendo os dragões e lobos aparecerem pouco e omitindo algumas coisas.
A maior mudança é a ausência de personagens ou mudança de que personagem faz o quê. Isso acontece por causa dos motivos que falei acima e também porque eles estão dosando com muito cuidado quando e como eles desenvolvem cada personagem. Podrick Payne e Mandon Moore, por exemplo, só apareceram mais no final, apesar de serem ativos nos livros desde cedo. Outros personagens que fizeram falta, como Edmure Tully, Peixe Negro e Meera e Jojen, aparecerão a partir da terceira temporada. São muitas faces para as pessoas decorarem, e eles acabam tendo que fazer isto. Pra você ter uma ideia, é a série com mais personagens da televisão.
Mesmo com todas as diferenças, aliás, sei que tem um monte de gente que só assistiu a série que está bem confusa com algumas coisas não explicadas (afinal, não leram centenas de páginas pra se ambientar) e quilos de personagens aparecendo pouco. Para vocês, recomendo fortemente que leiam esse post do Game of Thrones Brasil, que tira dúvidas como quem é Melisandre, o que diacho é a Irmandade sem Estandartes, etc. E ainda traz um link para o guia do espectador da HBO, que mapeia todos os conflitos da temporada.
Assim, vou elencar as diferenças aqui para quem quiser saber. A memória pode falhar, afinal li faz tempo o livro.
• A comitiva de Yoren e Arya, no livro, chega a um forte em ruínas e o ocupa, e uma tropa real acossa o grupo lá. Como são poucas pessoas, são incapazes de defender o lugar, e Yoren morre no preocesso com a maioria dos caras. Arya, Torta Quente, Lommy e Gendry fogem, mas ela ainda abre a carroça com Jaqen Hakar, Rorge e Dentadas (pra quem não lembra, os dois últimos perturbam Arya em Harrenhal quando ela está com a carta sobre a movimentação de Robb na mão) porque esta ia pegar fogo dentro de um celeiro incendiado.
 Os quatro viajam por um bom tempo com Lommy ferido, evitando as estradas, e chegam até os arrabaldes de uma vila às margens do Olho de Deus, um lago ali na terra dos rios. Lá, o Montanha (aquele cavaleiro enorme de Lorde Tywin) e seus homens pegou o povo e interroga todo dia (igual à série), e o idiota do Torta Quente simplesmente decide se render, achando que eles vão ser bonzinhos. Eles são pegos, Lommy é morto por um dos caras do Montanha, e Arya começa a recitar toda noite um monte de nomes, incluindo Raff O Querido, Polliver, Cócegas, o Montanha… Depois é que eles são levados a Harrenhal.
• Harrenhal nessa época está sob o comando de Sir Armory Lorch (se não me engano). Ao chegar na cidade, Arya e os outros são postos para trabalhar (ela fica de empregada, Gendry fica de ferreiro, etc.), e começa o lance com Jaqen aí, com ela se vingando dos homens maus do Montanha. Ela também vira um caldeirão de caldo de carne nos guardas, e aí conhecemos a piada da “Sopa da Doninha”.
Aliás, Arya é uma personagem com vários apelidos ao longo do tempo, já que ela é sempre uma rata clandestina – Doninha, Arry, Gata… A cidade é atacada e tomada por Roose Bolton, e ele fica dominando o lugar, e Arya foge no fim porque mesmo nortenho, ele ainda é um homem cruel e tal. Tywin nem sonha em aparecer em Harrenhal no livro, ele fica sempre em campo e depois volta a Porto Real.
• Dany e o khalasar sofrem nas vastidões vermelhas (aquela “migração na seca do Nordeste” que tem no começo da segunda temporada), e Doreah morre ao invés de Rakharo (ou Aggo? Nunca sei). Eles chegam em uma cidade abandonada, e de lá ela manda o pessoal atrás de esperanças. Aí aparece Quaithe da Sombra (aquela sacerdotisa de Asshai de máscara que interage com Jorah), Xaro Xhoan Daxos (o gordinho que acolhe Dany em Qarth na série) e Pyat Pree (o bruxo careca), impressionados com os boatos e presságios sobre os dragões (no livro, o cometa é bem mais relevante). 
Nada daquela tomada de poder acontece em Qarth. Dany fica mendigando e não consegue nada com ninguém, e Xaro fica sempre dizendo que não vai mais ajudar ela porque ela não quer se casar, não quer dar nenhum dragãozinho pra ele… Até que ela decide finalmente ir à Casa dos Imortais, apesar de todos os avisos de Quaithe que não confiasse em nenhum deles (no livro ela os dá para Dany e não para Jorah).
• Jon não toma essa rasteira de Ygritte no livro. Ele deixa ela ir embora quando fraqueja em matá-la, e se reencontra com os rangers. Eles percebem que os selvagens já sabiam que eles estavam ali e agora estão vindo com toda, e os alcançarão. Meia-mão então vai deixando os homens para retardar a tropa ou observar, e vai tentando voltar ao Punho dos Primeiros Homens. Em dado momento estão só ele e Qhorin se escondendo em uma cachoeira. 
No livro, eles têm uma longa conversa onde Jon é instruído a se juntar aos selvagens, comer e lutar como eles, para descobrir qual é o grande plano de Mance Rayder, o Rei Além da Muralha (que já foi um ranger da Patrulha da Noite e agora lidera os bárbaros). Então, quando são pegos por Camisa de Chocalho (aquele cara com a caveira) e Ygritte diz que Jon a deixou fugir, o selvagem diz que só poupará sua vida se ele matar o Meia-Mão. Jon recusa, mas Qhorin o ataca e começa a sobrepujá-lo, quando Fantasma aparece e fere o patrulheiro, dando a brecha para Jon matá-lo (se não me engano). Assim, Jon acaba sendo aceito meio a contragosto.
Na série, achei a forma como conduziram isso uma forçada de barra sem tamanho. Deixaram Jon bem mais faz-merda, já que a culpa dos selvagens matarem todo mundo foi dele (eles ficaram procurando o bastardinho e acabaram pegos pelos bárbaros). Depois de uma orientação meia-boca com uma frase, Qhorin começa a atacar Jon sempre que pode e o rapaz já nota o embuste! Acho que dava para fazer melhor, mesmo sendo outra mídia.
• Brienne e Jaime só começam a navegar no início do terceiro livro. Mas como são dois ótimos personagens, e o Lannister é o bonitão das meninas, faz sentido terem adiantado isso para que eles tivessem mais cenas nessa temporada (sem falar que o Tridente ficou sensacional).
• Vários amigos que só assistiram a série não fazem ideia de onde Renly e Stannis estavam lutando. Renly está mantendo Ponta Tempestade, e Stannis cercando a fortaleza e exigindo o bastardo de Robert Baratheon, um menino chamado Edric Storm. Ele pede que Davos leve Melisandre até um antigo túnel em uma gruta na falésia abaixo da fortaleza, porque ele usou aquele túnel para trazer comida para Stannis quando ele guardava a fortaleza na guerra anterior (conforme o próprio menciona no episódio 8). Aliás, não sei se ficou claro, mas Davos leva os dedos cortados numa sacolinha pendurada no peito.
• A Batalha da Água Negra realmente ocorre no rio Água Negra, e não no estuário. Um capitão de Stannis lidera a vanguarda, leva os navios e tem uma batalha naval fodona, com Davos liderando um dos navios, contra a esquadra real. Tyrion inventa uma tática foda – ele manda os ferreiros todos da cidade forjarem uma enorme corrente, que deixa dentro do rio com cada uma das pontas amarradas a uma margem, e quando levanta a corrente, um monte de barcos se choca contra ela e afunda! Quando o fogovivo é atirado no rio (não por iniciativa de Tyrion), sai queimando e destruindo tudo, navios de ambos os lados. Davos se joga para não morrer, mas seu filho (aquele mané) morre. 
Daí Tyrion leva o ataque pela retaguarda, igual na série, mas se empolga demais e sai pulando de navio em navio no meio da refrega, e Mandon Moore se aproveita e dá-lhe uma machadada na cara. Este golpe só não o mata por conta do balanço do navio, mas arranca seu nariz e o deixa com uma escara horrorosa. Na série ficou uma cicatriz menor, mas ainda bastante feia que vai demandar muita maquiagem na próxima temporada.
• No livro, as tropas de Renly aparecem para salvar o dia, com Loras vestindo a armadura verde do rei morto, e todo mundo pensa que é Renly voltando dos mortos para se vingar. Aí sim as tropas de Stannis começam a fugir. Essa cena é muito retumbante no livro. Além disso, Tywin também chega a tempo e salva o dia. No livro, a “homenagem” que o cavalo dele faz é bem na frente do trono, de modo que a cena ficou muito mais emblemática (fantasia suja, pá).
• Como eu disse antes, as motivações para Dany entrar na Casa dos Imortais foram bem diferentes no livro. E a viagem dela pela “dungeon” também foi completamente alterada. Mas eu compreendo perfeitamente. No livro, ela passa por vários episódios lisérgicos de várias passagens da história de Westeros, incluindo uma aparição de Rhaegar Targaryen (o príncipe que foi morto por Robert Baratheon na guerra que o tornou rei e acabou com a supremacia da casa dos dragões nos sete reinos) tocando numa harpa a Canção de Gelo e Fogo que dá nome à série de livros. 
Eu já sabia que ele não ia aparecer (não teve casting call), e imaginava que ia ficar bem diferente – imagina enfiar na goela dos espectadores já perdidos um monte de história em um quarto de episódio (incluindo quem diabos é Rhaegar, como bem disse Ana Carolina no excelente Leitura Escrita). No livro, você já está preparado porque absorveu muita história, e de qualquer forma pode ler com calma as passagens e conjecturar à vontade; mas na série, é pouco tempo e muito papo. 
E mesmo assim, também como disse a Ana Carolina, as viagens de cola de Dany na série também são bem proféticas, com um paralelo entre as duas coisas que ela considerava importantes – a promessa distante do Trono de Ferro e o amor de Khal Drogo e o filho dos dois. Há algumas referências que deixaram a mim e a todos os desconfiados de cabelo em pé, como a Muralha e o bebezinho de cabelo preto… (antes de me xingar pense um pouco se não é meio óbvio!)
Por fim, no livro, ela acaba de frente para os tais Imortais (lembre que ela foi lá pedir uns navios a eles), que tentam atacá-la e capturá-la, mas seus dragõezinhos queimam tudo e mostram que era tudo uma ilusão e na verdade ela está em uma sala cheia de esqueletos empoeirados… Imortais que nada. :D
• No livro, o Punho dos Primeiros homens é um monte com várias muralhas anelares concêntricas (como Gondor, mas obviamente bem menor). Quem encontra o vidro de dragão e dá a Sam é Jon, e acho que acontece bem depois, no terceiro livro. No fim do segundo, um dos patrulheiros planeja matar Sam por algum motivo (alguém me lembra?), mas quando está prestes a degolar o gordinho dormindo, tocam os três berrantes e o cara se mija todo. É uma cena fantástica, mas do jeito que ficou na série eu achei sensacional e muito mais impactante!
É isso aí pessoal, agora é esperar mais um ano!

9 comentários em “Game of Thrones Season 02: diferenças entre a série e o livro

  1. Tudo que eu posso dizer sobre isso é: Emilia Clarke é um espetáculo e o Jaime Lannister é de tirar o fôlego. De resto não acompanho a série ou os livros. =P

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  2. Pelo que eu Pude notar na série eles seguem akela premissa do Martin de que os acontecimentos, não são necessariamentes sequências e ocorram com horas, dias ou até meses de diferença, akele White Walker no final tenho certeza que foi só por causa que eles foram omitidos no 1º episódio.

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  3. O cara quer matar o Sam (no início do terceiro livro) porque o Sam roubou o serviço dele que era ajudar o Maester Aemon com os corvos e os livros… O Sam ficou com o serviço “fácil” enquanto o outro cara (esqueci o nome) ficou com um serviço mais braçal. Aí ele fica puto e planeja matar o Sam e depois o Comandante da Patrulha.

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  4. Ajudou muito o post.
    Acabei de assistir a segunda temporada e fiquei curioso e comprei logo o terceiro livro, mas tinha (e ainda tem) algumas coisas que “meio diferentes”, mas o post deu uma força legal. Depois pretendo ler os 2 primeiros livros, uns amigos falaram que é bem mais cheio de detalhes do que a série.

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  5. Quem usa a armadura do Renly não é o Loras e sim o irmão mais velho dele Garlan, o Galante, pelo fato do cavaleiro das flores ser mais baixo que o finado Renly. E Twyin estava sim em Harenhal até decidir partir para o oeste pra defender suas terras dos ataques nortenhos do jovem lobo. Só que Arya só o viu algumas vezes e de longe. O Edmure acaba atrasando a tropa de Twyin que possibilita ele ficar ciente dos acontecimentos de Porto Real e de uma possível aliança com os Tyrell com as articulações de Mindinho.

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